Debate em Lisboa anuncia o princípio do fim dos escritórios e novas formas de trabalhar
Este foi o segundo encontro internacional de 18 no total, que ao longo de 2016 percorrem o mundo respondendo às grandes questões que hoje preocupam as empresas: Como serão os espaços de trabalho na próxima década? O que vão pedir os Millennials quando forem chefes? Como se lidará o talento digital?, em resumo: Como trabalharemos depois de 2020?

Francisco Vázquez, Presidente de 3G Office deu início à conferência de Lisboa assinalando que o mundo não está a mudar, o mundo já mudou: “Estamos perante uma revolução que acaba de começar, e muitos de nós ainda não temos consciência disso. A tecnologia afasta-nos do lugar de trabalho e prepara-nos para o que se aproxima. Amanhã, os nossos chefes serão nativos digitais. A sua forma de trabalhar não terá nada a ver com a forma como trabalhamos hoje, e perante este desafio devemos começar a transformar os espaços laborais e a cultura organizacional. Os escritórios físicos tais como os conhecemos hoje irão desaparecer abrindo caminho para a diversidade dos lugares de trabalho: starbucks, co-workings colaborativos, escritórios satélite, … porque o trabalho deixou de ser um lugar onde 
vamos, e passou a ser uma atividade a realizar. Será o fim dos escritórios. Bem-vindos aos espaços de trabalho líquidos”.

O encontro de Lisboa arranca com a participação de Beatriz Lara, da Imersivo, uma profissional da tecnologia e transformação que levou os presentes numa viagem de transformação digital. “Temos que viver o presente, mas somos donos do nosso destino, e para o controlar, temos que o conhecer e antecipar-nos. Atualmente, identificamos um mundo em flutuação em que uns são ricos e outros pobres. Falamos muito mas resolvemos pouco. Como serão os nossos loucos anos 20-30? Aposto num crescimento sustentável, onde se cumprem os 17 objectivos globais das Nações Unidas. As empresas de hoje ter-se-ão adaptado ao ambiente digital do século XXI: serão ecossistemas de criação de valor à volta de uma marca com valores de sustentabilidade”. Acrescenta ainda que “o trabalho colaborativo funciona quando se oferece empowerment às pessoas. O futuro do emprego será o “desemprego”. Não porque fiquemos sem trabalho, mas porque com ciclos mais curtos, as empresas terão de adaptar-se a esta mobilidade e flexibilidade procurando talento externo”.

Javier Creus, da Ideas for Change, estratega e especialista em economia colaborativa, tomou a palavra: “O futuro passa por gerar abundância, e temos uma capacidade incrível para a criar se estivermos dispostos a usar a tecnologia e a ser colaborativos. A Wikipédia é um exemplo claro da confluência entre tecnologia e colaboração. Conta-me o que sabes e contá-lo-ei ao mundo. Disponibiliza serviço a 500 milhões de pessoas no mundo todos os meses graças aos conteúdos fornecidos por quem queira colaborar partilhando o seu conhecimento.
Creus expôs as cinco alavancas (pentagrowth) que aceleram o crescimento:
Conectividade. Os negócios baseiam-se nas ligações.
Agregar o teu inventário: Quanto menos esforço tiveres de fazer para construir o teu 
inventário, mais rápido irás crescer. As empresas que mais crescem agregam o que já 
está disponível.
Dar poder aos cidadãos: os cidadãos não são passivos. Têm a capacidade de financiar 
ou produzir conteúdos.
Instrumentalizar os sócios de negócio. Empresas fortes facilitam os negócios de outras empresas sobre o seu. Produz-se mais riqueza ficar com 30% daquilo que outras empresas produzem do que 100% daquilo que eu produzo
Partilhar conhecimentos: O conhecimento válido é aquele que se usa, porque o 
conhecimento caduca.
Já no final, Creus concluiu “As empresas triunfantes, aquelas que vão crescer exponencialmente serão aquelas que forem capazes de olhar para o firmamento e ver não só estrelas, mas constelações”.

Miguel Paiva Couceiro, da Deloitte, apresentou o case study das novas instalações da Deloitte em Lisboa, cujo foco era “investir na satisfação dos nossos profissionais ao mesmo tempo que se produzia um upgrade da marca”. Uma equipa multidisciplinar tomou conta do projecto, desde a fase de observação à implementação de um novo espaço de trabalho focado nas pessoas e na tecnologia. “Nós já somos o nosso posto de trabalho. Com este novo modelo tornamos as pessoas completamente móveis”.

António Heras, salientou a necessidade da transformação rápida das empresas que começa pelo lugar de trabalho, mas não se esgota aí. Esta transformação acarreta:
Potenciais poupanças: O melhor investimento é que o empregado tenha as condições ideais para realizar o seu trabalho.
A marca: Os melhores querem trabalhar no melhor sítio. Atrair talento através da marca.
Sustentabilidade: As políticas de RSC justificam a transformação.
Tecnologia: Transforma a nossa forma de trabalhar.
Colaboração: Espaços de socialização que provocam inovação, colaboração e sinergias entre equipas.
Design estratégico: Projecta o design da tua sede pensando no utilizador, no futuro.
Cultura: Perder-se a cultura do status, do chefe. Se queremos mudar, temos que começar
pelos de cima. Cultura de empresa plana.
Talento: Aspira-se à retenção e atracção de talento através do espaço de trabalho.
Engagement do empregado: Se queres atrair o empregado, dá-lhe o que necessita.
Produtividade: Poder a partir de qualquer sítio, trabalhar na cloud, adaptar-se às novas tecnologias. Adoptar mudanças tecnológicas.
Wellness: Os espaços de trabalho têm de ser agradáveis e devem cuidar do empregado.
Experiência dos empregados: Começar o dia com um momento relaxado entre os colegas, uma volta pelos escritórios, um break, mudar de lugar em função da atividade que estejas a realizar, torna-se uma experiência para os empregados.

Ainhoa Fornos, especialista em Recursos Humanos e transformação da Mind The Gap termina o encontro dizendo: “Oxalá as segundas-feiras sejam as novas sextas” “Há demasiados “zombies e galinhas sem cabeça” nas empresas” disse. “Empregados e Managers sem paixão ou propósito. As causas são uma liderança obsoleta e uma visão cheia de ilusões (até na maneira caduca como se vislumbra o caminho para o futuro)”.
Ainhoa Fornos partilhou com a assistência das Workplace Conferences o manifesto de “As 10 chaves para Transformar as Empresas na Nova Normalidade que nos envolve e conseguir que esses profissionais se transformem em artistas singulares, felizes e produtivos”. “Hoje o mundo é diferente. Já não somos todos fotocópias. Hoje já não querem saber das nossas fraquezas mas sim focar-se nos nossos talentos. Faças o que faças, fá-lo simples”

O terceiro encontro das Workplace Conferences realiza-se em Madrid, no dia 12 de Maio.