Mais do que nunca, a inovação tem que ser transversal a todos os setores de atividade, desde os mais tradicionais aos mais atuais. O sucesso e a viabilidade dos negócios e das empresas estão dependentes desta capacidade de inovação. Quem resistir à mudança arrisca-se a ficar para trás e a ser ultrapassado. Porquê? Porque mesmo que as empresas e os decisores optem por adiar a entrada da inovação na lista de prioridades estratégicas do próximo ano, não conseguem fugir a um fator importantíssimo que está a mudar o paradigma da gestão de espaços e negócios: a modernização e a tecnologia. O comportamento e as expectativas dos trabalhadores estão a mudar. O trabalho à secretária das 8h as 18 está a ser substituído pela mobilidade e as empresas podem realmente beneficiar desta flexibilidade se conseguirem ajustar-se às novas tendências. O que pedem as novas tendências? Uma reformulação do conceito de espaço de trabalho e de escritório.

 

O futuro passa pelo trabalho colaborativo, pela mobilidade dos trabalhadores e decisores, pelo escritório virtual, por ferramentas de trabalho tecnológicas pessoais permanentemente ligadas em rede à empresa, por estruturas de segurança que já não podem ser apenas reativas, porque têm que ser obrigatoriamente preventivas, e por espaços físicos comuns com equipamentos comuns, que apelem à criatividade e à partilha, mas que garantam também o conforto dos funcionários. Além disto, as tendências mostram ainda que, para reterem talento, as empresas vão ter que oferecer mais do que um ordenado apelativo. Os trabalhadores cada vez mais qualificados exigem mais. Têm ambições de evolução profissional, querem boas condições de trabalho e flexibilidade na gestão de trabalho. Ou seja, a criação, manutenção e gestão do espaço é cada vez mais crucial.

 

O setor imobiliário está a acompanhar estas tendências? Há inovação na área do Facility Management? A competitividade promove a inovação. Na “lei da selva” ou inovamos para sobreviver e ultrapassar os principais concorrentes, ou somos engolidos por empresas que abriram as portas à nova Era digital, tecnológica e comportamental. Isto significa que, nos mercados mais estáveis ou com cenários de monopólio, as empresas que ocupam uma posição de liderança mais confortável acabam por ignorar a inovação e seguir as regras tradicionais que até então sempre funcionaram.

 

No entanto, este setor tem que perceber que uma fatia já significativa de absorção de escritórios não é mapeada. As startups e a nova geração de empresas não ocupam edifícios convencionais nem valorizam os edifícios disponíveis. O FM e o RE não estão a responder às necessidades de agilidade e adaptação das empresas em pleno processo de transformação digital, e por isso, estão a perder mercado e confiança.

 

Um estudo da CSS Consultancy* mostra que 80% das zonas comuns disponíveis nos edifícios não são exploradas (terraços, varandas, lobbys, lagos, pátios, etc) e que a maioria das empresas não se sente ligada ao edifício ou zona onde atualmente tem o escritório. Aliás, quase metade (42%) admite mudar de localização no prazo de 1 a 3 anos.

 

O sucesso passa por uma alteração estratégica que tem obrigatoriamente que contemplar a inovação. Entre outras coisas, a visão de futuro do FM tem que conseguir responder à nova cultura empresarial, aos mercados emergentes, à integração de espaços para bicicletas, espaços verdes, chuveiros, aos escritórios virtuais e colaborativos. Os serviços têm que ser globais, mas personalizados a cada área de negócio, suportados por plataformas colaborativas e sociais de assistência e ligação, e o ocupante tem que ser visto como um ativo integrado num plano de fidelização.

 

  • Facility Managment Strategy Report B. Prime Occupier Survey, 2016
  • Dados partilhados por Fátima Machado, da B.Prime durante as 10as Jornadas FM

 

Por Miguel Agostinho

Director Executivo da APFM – Associação Portuguesa de Facility Mangement