Lisboa voltou a receber a Workplace Design Conference, o segundo de 25 eventos internacionais organizados pelo 3g Smart Group ao longo de 2017, nas principais cidades do mundo. Realizou-se ontem, dia 16 de Fevereiro, no MAAT – Museu de Arte, de Arquitectura e Tecnologia, em Lisboa.
O evento, onde se analisa a transformação corporativa com base nas pessoas, na tecnologia e nos espaços, reuniu vários especialistas para debater e divulgar as novas formas de trabalhar, perante uma plateia cheia.
Francisco Vázquez, presidente do 3g Smart Group, que organiza as Workplace Conferences (WDC) abriu o evento, salientando: «A transformação já faz parte do roteiro de muitas empresas, mas ainda há muito por fazer e não há muito tempo. É importante ter uma visão integrada do verdadeiro alcance do momento que vivemos na história do management e das organizações».
Hélio Soares, chief executive officer (CEO) e fundador da UP Partner, abriu as conferências com Flash Forward Generation, explicando como a evolução tecnológica nos trouxe um mundo em constante mudança: «A nova normalidade é um desafio extraordinário no qual o mais importante são as pessoas. Neste contexto, as empresas devem trabalhar na formação de talento, esse é o grande capital deste novo paradigma», afirmou. «Em 2020 seremos 5 mil milhões de pessoas ligadas à Internet – 66% da população mundial. 65% dos postos de trabalho do futuro ainda não se criaram. Os nossos colaboradores têm de ser mais produtivos, mais inovadores e mais criativos. Esse é o grande desafio.»
Carlos Aguirre, responsável de Tecnologia da Sappiens, centrou-se na tecnologia como detonador da transformação e explicou como foi difícil, para muitas empresas, levar a cabo os processos de digitalização, em grande parte por não terem um propósito claro. «Quando uma empresa enfrenta uma transformação digital ou um projecto com tecnologia, deve ter muito claro o seu propósito e a razão pela qual quer implantar determinada tecnologia. Se não, o que vai acontecer é que terá uma tecnologia entravada, que não vai servir, como aconteceu em muitos casos.»
Como exemplo, refere o boom do big data. «Todas as empresas queriam ter um projecto de big data ou machine learning, sem se perguntarem para que o queriam ou porque o necessitavam. Ora, deve ser o propósito a liderar o processo tecnológico. A viagem real do big data deve ser: temos big data, que quando interage com as pessoas passa a ser small data, para depois se
transformar em smart data que nos permita tomar decisões simples. A tecnologia possibilita que uma coisa complicada se transforme numa decisão simples.»
Já Sergi Corbeto, CEO de Mind de Gap, falou sobre utopia e distopia: «Temos que fazer com que as empresas entendam que a transformação não é digital, é uma transformação antropológica. Se não queremos transformar-nos em ciborgs, é preciso transformar os colaboradores das empresas em artistas.» Na perspectiva de Sergi Corbeto, é preciso transformar as empresas, fazê-las passar de organizações piramidais, altamente hierarquizadas, a empresas circulares, «colocando as pessoas no centro. «Para chegar à utopia, o único caminho é que 98% das nossas decisões se baseiem na empatia», concluiu.
Depois de estar reunido durante toda a manhã para reflectir sobre “O Papel do CEO na Transformação Digital”, o painel de CEOs, composto por Jorge Marrão (Deloitte), Ana Paula Reis (Seldata), Miguel de Sousa (OKI) e Joaquim Paiva (Malo Clinic) partilhou as suas conclusões com a assistência. Como navegar a onda da transformação? A palavra-chave é confiança. «O primeiro a transformar-se tem de ser o CEO, é a ele que cabe dar o exemplo», fez notar Francisco Vázquez.
Seguiu-se a apresentação de dois case studies à volta de projectos de espaços corporativos realizados em Portugal pelo 3g Smart Group: Banco de Portugal (Jorge Afonseca, da 3 g Office e Bela Correia, em representação da instituição) e WiZink, com Afonseca e Inês Medina que salientou que «uma nova marca, novos valores e novas formas de trabalho pedem novos espaços».
Luis Miguel Garrigós, sócio e fundador de Rrebrand Strategic Design, falou de emoções e valores como base de sustentação das empresas: «Se concretizarmos o sentido e os valores de uma organização, eles transformarão o comportamento e farão crescer a empresa. É preciso transformar a partir da identidade das empresas. Saber o que somos e com que sonhamos, partilhá-lo, empatizar e co-crear com os colaboradores é fundamental.»
Para concluir, Francisco Vázquez, centrou-se na forma como a revolução tecnológica deu origem ao trabalho em mobilidade e como os espaços têm de adaptar-se aos trabalhadores móveis: «O trabalho deixou de ser um lugar e passou a ser uma acção. Isto alterou profundamente o conceito de espaço de trabalho. Saber o que querem as empresas, de que precisam as pessoas e o que nos dá a tecnologia, e a partir daí planificar como serão os espaços. É impossível mudar hábitos e culturas sem mudar o espaço. Culturalmente todos esperamos um posto de trabalho fixo, no entanto, na era digital, devemos esquecer a ideia de gabinete e escritório e começar a falar de espaços digitais. O novo espaço digital ocupa entre 30 e 40% menos metros quadrados que o espaço tradicional, com a consequente poupança de gastos.»
Resumo das principais conclusões:
• 65% dos postos de trabalho do futuro ainda não se criaram. Esse é o grande desafio.
• Ter um propósito claro é crucial na transformação digital. A tecnologia transforma dados complicados em decisões simples.
• É preciso colocar as pessoas no centro da transformação.
• Os líderes das empresas devem pensar nos seus colaboradores como artistas, dar-lhes espaço para co-criar.
• Toda a transformação é feita a partir da própria identidade das empresas. Só assim tem sentido.
• O trabalho deixou de ser um lugar e passou a ser uma acção.
• Na era digital devemos deixar de lado o conceito de gabinete e escritório e falar de espaços digitais, que ocupam 30 a 40% menos de espaço com a consequente poupança.
in Human Resources Portugal